Eu precisava de um pouco mais de mim, mas não entendia como. Não entendia se fazia parte de uma necessidade natural ou se me era obrigatório por estar tão distante de mim mesma.
Eu olhava o mundo ao meu redor de olhos fechados, querendo observar com os demais sentidos tudo que eu ainda não havia conseguido notar. Era um mundo que me era quase de graça, não fosse o preço pago por querer descobri-lo.
Quanto mais eu descobria sobre o mundo, mais eu via que tudo o que antes sabia, era pouco demais para me ser. Quanto mais coisas eu conhecia, mais eu sabia que havia algo além para aprender. Ainda assim eu sentia que não fazia parte do mundo.
Eu procurava no mundo as respostas, procurava o novo, a glória, a alegria e o amor. Achava que quanto mais eu o observasse, mais haveria sentido para tudo que eu havia vivido. O tempo passava e eu achava que uma hora as respostas para todas as minhas perguntas iriam cruzar meu caminho ou cair do céu, porque eu simplesmente pensava que isso me era justo.
Notava que o tempo passava rápido demais para quem tinha tanta pressa. Notava que as coisas mais simples ganhavam um grau de dificuldade a cada ano que passava. Notava também que as frases bonitas faladas com amor eram esquecidas com facilidade. Que as canções cantadas com emoção eram substituídas por famas sem talentos. Que os pedidos de desculpas vinham perdendo espaço para um sorriso maroto. Que a caminhada era longa demais para aqueles que não queriam chegar. Que o passado era morto apenas para quem não queria viver. Notava também que o calor humano, a conexão de corpos, o envolvimento entre pessoas estavam sendo trocados por egoísmo e ocupação individual.
O tempo passava e as respostas não me vinham. Eu procurava nas águas, na terra, no ar, no céu, nas casas, nas praças, até mesmo nas xícaras de cafés. Eu procurava respostas e só conseguia descobrir mais perguntas e perguntas...
Eu me sentia tão perdida... Minha alma vazia me chamava pra voar. Mas eu fincava os pés na terra e me enchia de promessas, promessas as quais eu nem saberia cumprir. Eu só queria encontrar a paz, a paz que me haviam roubado, me tirado à força. Talvez com essa paz preenchendo meu vazio eu teria todas as respostas que eu buscava.
Hoje a paz me desconhece. Ela passa ao meu lado e nunca me diz “olá”. Às vezes pousa à minha frente, mas antes mesmo que algo eu tente, ela parte como um desconhecido...E isso me enche de vazio.
Eu acho que perdi tempo demais tentando descobrir as coisas do mundo e esqueci de perceber que todas as respostas estavam dentro de mim. O mundo me tirou o sossego e eu não consegui enxergar que eu só poderia respirar meu ar se tivesse a mim mesma.
Eu ainda acho que um dia a paz me reconhecerá e um sorriso me dará. Me pedirá para entrar com desejo de nunca mais sair. E aí então eu vou poder chorar, só que dessa vez de alegria, eternizarei esse dia com uma paz que preencherá todo o meu vazio e então poderei dizer: “Paz, você é a resposta para tudo o que eu ainda desejo ser”.
Agora vou completar meu eu com uma dose de mim mesma. Vou me importar comigo porque com o mundo lá fora já tem quem se importe, ele mesmo. Quando a paz voltar, tenho que estar estruturada para que ela não me fuja de graça e queira pra sempre ficar.
Dá licença, oh mundo de guerra! Vou ali tentar a tal felicidade. É ela que nos dá o brilho necessário para enfrentar as tristezas da vida.
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