16 janeiro 2010

Assim nasceu uma canção

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São 23:15h e se não me falha a memória, foi mais ou menos nesse mesmo horário na noite de ontem que um grito solto dentro de mim se manifestou. Mesmo gritando era um grito que soava com doçura e sutileza.

Eu calmamente levantei-me da cama, acendi a luz principal da sala, peguei o violão que estava no sofá e então, meio que automaticamente, fiz alguns acordes. A sequência deles para mim naquele momento ainda não me era certa, nem tampouco me era errada. Era apenas uma sequência de acordes. Aos poucos o grito, aquele mesmo grito que me acordara, sussurrava baixinho algumas palavras. Então fui buscar uma caneta e um papel. Não demorei muito, mas mesmo não demorando muito, o tempo de ausência foi suficiente pra que me fizesse esquecer a tal sequência de acordes. E sem essa sequência meu canto então deixou de ser canto. Naquele instante o grito calou-se. Eu poderia gritar (confesso que senti muita vontade de fazê-lo) mas não gritei.

O violão que já me era quase uma caixa vazia com apenas quatro cordas violentamente mais vazio ficou em suas estética e funcionalidade. Era compreensível sua decepção e seu desapontamento. Eu desapontei o grito, o violão, o instante, eu desapontei a mim. Mas esse momento "de eco e de nada" não se estendeu por muito tempo. Aos poucos, ainda nos olhando (eu e o violão) fomos dominados por uma empatia que nascia naturalmente. Eu o perdoei pela sua estética fajuta e sua funcionalidade defeituosa. Ele então perdoou a minha falha. Falha tal qual já havia se repetido algumas vezes.

Ah, Dona Nara Stella, quantas vezes eu já lhe disse que as falhas servem de alertas? Que não devemos repeti-las e que só os acertos devem ter dose-dupla, tripla e assim por diante? Quantas vezes? Han? Han?
...

Sem esperar nada e sem estar ali para mais nada, apaguei a luz daquela sala vazia de som e sentei-me no chão com o violão em meu colo. Foi a relação de amor mais bonita que houve entre mim e um objeto em toda a minha existência.

Iluminados por uma pequena claridade vinda da casa vizinha, éramos dois amantes numa sincronia perfeita. Gozei de uma alegria sem medida e o grito que havia se calado manifestou-se na sua mais alta demasia. E foi assim que nasceu a minha mais nova canção.

É pena não poder mostrar ao menos a letra da minha mais nova "filha", mas assim que registrar seu nascimento em cartório, postarei aqui. (Aliás não somente esta), mas todas as outras tantas canções que já fiz.

Ps. Fazer amor é bom, mas fazer as coisas COM amor é de um prazer sem medida.


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